Alguns profissionais parecem conseguir tudo aquilo que querem, até com certa facilidade. Mas, quando investigamos seu sucesso de perto, logo percebemos que eles não contam com poderes mágicos nem são mais inteligentes do que seus semelhantes. Entre outras coisas, o que os diferencia é terem os olhos treinados para enxergar as oportunidades, antes de quase todo mundo.
Nos últimos trinta anos, aprendemos o quão importante é estabelecer metas e depois cuidar de tudo aquilo que envolve a execução delas. Ainda dialogamos pouco sobre o processo que leva as pessoas a escolherem o alvo correto. O resultado é que muitos profissionais fazem certo as coisas erradas. Gastam energia naquilo que não rende fruto algum.
Especialistas médicos costumam afirmar que enxergamos com os olhos, mas vemos com a mente. Aliás, é por isso que alguns problemas visuais surgem a partir de situações de intenso estresse físico ou emocional. Até hoje são comuns os casos de pessoas que sofrem cegueira momentânea antes de se apresentar em público. É a rota de fuga que o cérebro delas encontra para se livrarem do pânico instalado.
O carro verde
Nosso cérebro é a máquina mais complexa e fantástica que existe, absorvendo milhares de informações ao longo de uma simples semana. E, para não entrar em curto-circuito, ele organiza os dados constantemente. Se recebe muitos estímulos contendo “suco de goiaba”, logo entende que precisa registrar essa informação na memória. Caso contrário, a descarta. Está aí o motivo pelo qual a repetição é tão importante no processo de aprendizado.
Tempos atrás, eu comentei em um curso que, se o carro branco agora é moda entre os motoristas brasileiros, em breve o verde metálico tem tudo para se tornar o queridinho das ruas. Como revelou uma pesquisa sobre tendências de cores automotivas conduzida pela Basf, a maior fabricante global de tintas para o setor.
Na hora, os participantes do treinamento duvidaram quando afirmei que vários deles comprarão carros verdes daqui em diante. Porém, em menos de 24h, as mesmas pessoas começaram a se manifestar no grupo de WhatsApp do treinamento postando fotos de veículos verdes que, de súbito, passaram a enxergar pela cidade. Desde carros antigos a automóveis importados, variando de verde claro a verde camuflado.
SARA
Isso só foi possível por causa do Sistema Ativador Reticular Ascendente, que é conhecido como SARA. Ele é responsável pela nossa consciência e, consequentemente, pelo filtro das informações que recebemos. E ocupa uma parte do nosso cérebro que realiza a conexão entre o tronco cerebral, os órgãos sensoriais e o sistema límbico, separando os estímulos relevantes dos irrelevantes.
Portanto, o SARA funciona como um assistente pessoal – igual à SIRI, da Apple –, registrando o que precisa ser lembrado no futuro. Ao serem informados da existência de muitos carros verdes pela cidade, as pessoas passaram a prestar atenção quando viam um deles. Semelhante ao fenômeno que acontece ao casal que espera o primeiro filho: de repente, as gestantes estão por toda parte.
Como escrevi no início do texto, alguns profissionais enxergam oportunidades antes de todo mundo porque estão com os olhos treinados para encontrar o que buscam. É por isso que visitar lugares diferentes, conhecer pessoas com as quais você não costuma se relacionar e fazer coisas novas são atitudes centrais no mundo de hoje.
Ah, e pode ter certeza: se você leu esse conteúdo com atenção, a partir de hoje também vai começar a encontrar muitos carros verdes por aí.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.
