O fracasso também pode ser uma boa opção

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No filme “Apollo 13”, o personagem vivido pelo ator Ed Harris é o chefe de controle de voo da NASA que tem uma missão bastante delicada em abril de 1970: trabalhando direto de Houston (EUA), ele precisa orientar três astronautas que enfrentam sérios apuros no espaço a voltarem para casa sãos e salvos.

Um trecho marcante a meu ver é aquele no qual, indagado pela equipe em terra sobre as dificuldades técnicas de trazer a nave por causa das avarias que surgiram após uma explosão, ele esbraveja: “O fracasso não é uma opção!”

É claro que a fala foi adequada para o contexto, pois o seu intuito era manter a equipe motivada a superar o desafio custe o que custasse, afinal vidas estavam em jogo. O problema é que a mesma filosofia de intolerância aos erros aplicada a quase tudo também explica o declínio da NASA nas últimas décadas e a abissal diferença dela em relação a outras empresas ágeis do setor aeroespacial, como a Space X, a Virgin Galactic e a Blue Origin.

Quem guia uma companhia sob a máxima de “o fracasso não é uma opção” desestimula o surgimento de boas ideias, a exploração de novos mercados, a melhoria de processos críticos, a permanência de pessoas talentosas etc. Ou seja, até pode ser uma frase impactante em um blockbuster que conta uma história de cinquenta anos atrás, mas não ajuda em nada se você quer que o seu negócio prospere daqui em diante.

Em contrapartida, é preciso saber que nem toda falha vale a pena ser cometida, pois existem erros bons e deslizes desnecessários.

erro evitável é aquele que deve ser combatido porque não gera um novo aprendizado e vocês ainda têm experiência suficiente para saber que a melhor coisa a fazer é evitá-lo. Portanto, tem mais a ver com falhas sobre as quais vocês se perguntam por aí: “Por que a gente ainda faz esse tipo de caca?” Tem mais a ver com imprudência ou negligência do que imperícia.

erro inevitável em uma situação complexa é aquele que gera aprendizado porque os faz entender um pouco melhor o sistema que afeta o negócio em que atuam. Porém, não foram vocês que escolheram enfrentá-lo; o contexto é que os obrigou. Ou seja, é o desacerto que ocorre ao lidarmos com problemas que não temos a mínima ideia de como resolver.

Já o erro inteligente é aquele que você decide cometer por conta própria, pois sabe que vai crescer com a experiência, apesar de ela custar dinheiro ou tempo no curto prazo. Como é o caso de quando você aceita montar uma pequena operação em uma nova cidade só para saber se o seu negócio pode dar certo por lá e alguns meses depois entende que essa foi uma má ideia e aborta o projeto maior.

Fuja dos erros evitáveis, aprenda com os erros inevitáveis das situações complexas que você enfrenta e tome a iniciativa de cometer os erros inteligentes que vão conduzi-lo ao sucesso. O fracasso é, sim, uma boa opção, principalmente quando você aprende muito com ele.

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