Os mitos da liderança

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Algumas pessoas ainda insistem que “chefe bom é chefe ruim” e se apegam aos resultados de curto prazo para mostrar que estão certas.

Ainda hoje em dia muitas pessoas carregam uma visão bastante míope e orientada por falácias quando o assunto é liderança. Percebo isso em meu dia a dia ao trabalhar o tema nas empresas e dentre as várias afirmações equivocadas, quatro mitos sobressaem. Vamos a eles: 

Mito 1. A pessoa nasce líder

Há várias décadas se discute a ideia de que algumas pessoas bem-aventuradas nascem líderes, enquanto que as demais têm de se contentar em ser lideradas. A verdade é que até hoje não existe nenhuma pesquisa conclusiva que indique fatores genéticos determinantes para o exercício da liderança. Pelo contrário, o que os estudos comprovam é que a capacidade de liderança pode ser desenvolvida em maior ou menor grau por quase todo mundo. Claro que algumas características de personalidade tendem a facilitar ou dificultar o florescer desta habilidade. Uma pessoa naturalmente empática terá menos obstáculos para aprender a liderar do que aquela que é introvertida, por exemplo. Mas o fato é que, com boa vontade, disciplina e o direcionamento correto é possível aprender a conduzir equipes de trabalho e negócios. 

Mito 2. Só é líder quem tem cargo de chefia

Este, sem dúvida, é o mito predileto daqueles que acreditam que só poderão liderar quando alguém lhes conceder um cargo de prestígio dentro da hierarquia organizacional. Concordo que a capacidade de controle e a liberdade para agir e tomar decisões são minimizadas quando não se tem poder legítimo e autoridade formal, mas existem inúmeros exemplos de auxiliares, assistentes e analistas que conseguem realizar grandes coisas em suas empresas ao liderarem informalmente. Num mundo em que se valoriza cada vez mais relações de igualdade e no qual as pessoas têm sua voz amplificada graças às redes sociais, o que mais importa é o que você tem a dizer e não aquilo que está escrito em seu crachá. 

Mito 3. Líderes não erram

A ideia do líder ser infalível é outro mito que precisa ser derrubado. No mundo complexo em que vivemos é praticamente impossível realizar grandes coisas sem cometer alguns deslizes de vez em quando ao tomar decisões. Como se diz: “Só não erra quem fica parado”. Além disso, diferentemente do que algumas pessoas pensam, quem reconhece os próprios erros ganha credibilidade junto ao time e ainda ajuda a criar um ambiente em que as pessoas se sentem confiantes e confortáveis para, da mesma forma, assumir suas falhas. E é claro, não esqueça: os equívocos de um líder dificilmente passam despercebidos pela equipe, ainda que tente encobri-los. Você só vai assumir aquilo que, no fundo, eles já sabem. Todo líder erra, então apenas adquira a prática de, com o perdão da redundância, “errar erros novos”.  

Mito 4. Você tem de ser carrasco ou bonzinho

Algumas pessoas ainda insistem que “chefe bom é chefe ruim” e se apegam aos resultados de curto prazo para mostrar que estão certas. Outras preferem acreditar que a harmonia grupal é o bem maior e por isso o líder não deve ser tão exigente quando cobra números. O fato é que as duas coisas – resultados e bem-estar do time – devem caminhar juntas pelo simples motivo de que só nos tornamos eficazes de verdade quando temos, simultaneamente, liderados comprometidos com o trabalho e resultados de negócios consistentes. Portanto, nem amiguinho nem carrasco; você precisa equilibrar o foco nas pessoas e nas tarefas.

Resumindo 
Jamais deixe que suposições ou inverdades impeçam que você se veja ou atue como líder, seja no trabalho, na família, na igreja ou em sua associação de classe. Como destaquei:

  • Algumas pessoas nascem com traços de personalidade que facilitam o desenvolvimento da liderança, mas você também pode aprender a liderar, ainda que hoje não tenha nenhum desses atributos. 
  • Para muitas pessoas o cargo de gestão só vem depois que a capacidade de liderança já é uma realidade na vida delas.
  • Também não tente ser infalível, apenas evite cometer os mesmos erros.
  • É possível alcançar grandes resultados e, ao mesmo tempo, manter um ambiente de trabalho saudável. As duas coisas não são excludentes.
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